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A IGREJA DE NOSSA SENHORA DO CARMO
História e Memória
A Ordem da Bem-Aventurada Virgem Maria do Monte do Carmo, ou Ordem dos Carmelitas Calçados chegou a Belém em 1626. Na época, o então governador da Capitania do Pará, capitão-mor Bento Maciel Parente, doou a estes religiosos um terreno contendo uma edificação, para que se estabelecessem na área conhecida como Alagadiço da Juçara, no bairro da Cidade em Belém do Grão Pará. A atuação missionária dos religiosos carmelitas era composta de convento, servindo de moradia para os religiosos e educandário, além de um templo para realização dos ofícios litúrgicos e diversas fazendas para e econômico e sustentação da missão.
A localização estratégica de seu conjunto religioso dos carmelitas às margens da baía do Guajará facilitou a istração das fazendas e engenhos, que rendiam o suficiente para manter as aldeias missionárias que foram responsáveis pela formação de vários núcleos populacionais que resultaram em municípios paraenses.
O Altar Mor, a obra do artesão índio
O retábulo do altar mor do Carmo é classificado segundo Robert Smith como um retábulo de transição do nacional português para o joanino, a talha dourada é trabalhada com motivos regionais pelos artesãos índios, com motivos fitomorfos, predominando a folha de acanto e motivos zoomorfos, com aves alegóricas. Maria de Lourdes Sobral comenta sobre o barroco no Pará que não somente os jesuítas se utilizaram do trabalho do índio na iniciação de “técnicas escultóricas” mas também outros religiosos os que familiarizaram com outro universo formal lhes era completamente desconhecido”. E acrescenta: “Disso resulta que, ao plasmar na talha um símbolo universal do cristianismo, o artista-índio atribui a essa forma os caracteres próprios do seu habitat”.
Segundo Leandro Tocantins, os retábulos da capela do altar-mor data de 1720, sendo do mesmo período o “altar frontal cinzelado em prata e vermeil, com incrustações de pedras semipreciosas, de cor roxa”. Ernesto Cruz também faz referencias a este altar de altar-mor, o mesmo da igreja desmoronada e prata: “O altar, o esmo da igreja desmoronada e reconstruída em 1766, trabalhado em prata, e uma das obras mais notáveis do tempo, mandado lavrar em Portugal, de onde vieram as pedras de lioz empregadas na construção”
As Primeiras Construções
Na década de 1620, foram iniciadas as obras para instalação do convento, que seria o primeiro da Capitania, onde organizaram um colégio, e uma capela de taipa, destinada ao culto e consagrada a Nossa Senhora do Carmo. Nos últimos anos do século XVII, a igreja ainda estava em obras, quando houve um desentendimento entre a Ordem dos Carmelitas e o Bispo do Maranhão D. Frei Timóteo do Sacramento e este determinou o fechamento do templo. Os padres recorreram à Justiça Real e o conflito foi solucionado em 21 de abril de 1700, em favor dos religiosos da Ordem, que continuaram as obras e reabriram o templo.
De acordo com Maria de Lourdes Sobral “em 1720, a 2ª igreja que havia sido mandada construir por frei Victoriano Pimentel, vice- provincial da ordem, estava em fase de conclusão, mas já se podia irar o retábulo barroco e o altar cinzelado a prata na capela mor”. Segundo o Frei André Prat, foi o mesmo Frei Vitoriano Pimentel quem terminou a construção da “suntuosa igreja do Pará” no cargo de governador e vigário geral do Bispado do Pará. A inauguração da nova edificação ocorreu em meados de 1721, sendo a cerimônia noticiada na Gazeta de Lisboa de 6 de novembro do mesmo ano informando que a Ordem de N. S. do Carmo de Belém havia edificado uma nova igreja, bem próxima da antiga.
A Fachada de Pedra
Com relação à construção da segunda edificação da Igreja do Carmo, a crônica carmelitana quando comenta sobre o retábulo- mor faz a seguinte observação: “esta é a parte da segunda igreja que ficou da demolição feita em 1760 e que está unida ao templo não acabado que a piedade dos fiéis e a santidade dos religiosos erigiram naquela época”. Na primeira metade do século XVIII, sabe-se que o padre carmelitano frei Antonio de Azevedo foi a Lisboa providenciar uma fachada para a Igreja de N. S. do Carmo. No final da década de 1750 a fachada em pedra, já pronta para ser montada, chega a Belém e juntamente com ela os mestres pedreiros contratados em 1756 esse fim. A fachada da Igreja do Carmo, importada de Lisboa, ao ser unida à nave, a estrutura da igreja ficou abalada, causando graves problemas estruturais ao edifício, e para solucioná-los, os religiosos carmelitas contrataram o arquiteto Antonio José Landi, que se encontrava em Belém. Em 1766, o bolonhês iniciou sua intervenção na igreja, que teve suas portas reabertas em 1777, e as obras da reforma concluídas em 1784.
Texto exposto no Museu de Arte Sacra Santo Alexandre – Arquidiocese de Belém
FONTE: Diocese de Viana